A espinha bífida é uma doença congénita
A espinha bífida aberta é uma malformação do sistema nervoso, caracterizada pela presença de uma abertura na coluna para o exterior, devido ao canal vertebral (tubo neural) não fechar na totalidade. Há a formação de uma saliência mole (cisto) e a espinal-medula fica sem protecção. É congénito, ou seja, a criança já nasce com a malformação.
A coluna apresenta desde o pescoço até á parte inferior 4 tipos de vértebras: cervicais (C), dorsais (D), lombares (L) e sagradas (S). As cervicais (C1 a C7) controlam os movimentos da região cervical e dos membros superiores; as dorsais ou torácicas (D1 a D12) a musculatura do tórax, abdómen e parte dos membros superiores; as lombares (L1 a L5) os movimentos dos membros inferiores; e as sagradas (S1 a S5) controlam parte dos membros inferiores e o funcionamento da bexiga e intestino. Na espinha bífida, a medula e as raízes nervosas estão mal formadas a certo nível e os nervos envolvidos podem não ser capazes de controlar os músculos, causando paralisias ou diminuição acentuada da força muscular na parte inferior do tronco, podendo afectar os do abdómen e coluna.
A localização da espinha bífida aberta determina a paralisia da criança (não se consegue mexer). Se for a nível dorsal ou L1, L2 a paralisia é alta, a nível de L3 é média e baixa se for L4, L5 ou sagradas.
A sensação de frio, calor, dor pode estar alterada, pelo que os pais devem estar atentos para estas situações. Devem comprar roupa confortável, evitar sapatos apertados e procurar diariamente feridas na pele. Estas crianças podem não conseguir controlar a urina e as fezes.
Origem
São vários os factores que podem originar a espinha bífida:
- Genéticas
- Ambientais (aparece mais em crianças nascidas no Inverno e em determinadas regiões)
- Idade avançada dos pais
- Haver outros casos na família
- Mães diabéticas ou a fazer medicação para convulsões têm maior probabilidade
- Défice de ácido fólico no organismo
A ingestão do comprimido de ácido fólico a partir do momento que a mulher pensa engravidar e durante os primeiros meses de gravidez, reduz a probabilidade de surgir espinha bífida. O médico obstetra é que deve prescrever o medicamento.
Tipos de espinha bífida
Existe a espinha bífida oculta e a cística. Na oculta a maioria das pessoas não sabe que a tem porque não costuma dar sintomas nem necessita de tratamento. No local pode haver uma pequena depressão ou pelos. Há um defeito em uma ou mais vértebras, geralmente L5 ou S1. A medula e os nervos são normais.
Na espinha bífida cística a parte posterior do tubo neural não fecha. Se a malformação contém meninges e líquido encefalorraquidiano a espinha chama-se meningocele. Pode ser corrigido cirurgicamente e o bebe tem um desenvolvimento normal. Devem ser examinados para ver se tem hidrocefalia ou problemas de bexiga (bexiga neurogénica), para serem tratados na fase inicial.
Se a malformação contiver medula espinhal e/ou raízes nervosas é espinha bífida com mielomeningocele. Estes bebes têm um risco elevado de apanhar uma infecção pelo local da lesão, enquanto não for fechado por cirurgia. Geralmente apresentam paralisia nos membros inferiores, mal posicionamento dos pés, não controlam as fezes e têm problemas de bexiga. Pode haver atraso mental.
Diagnóstico
A espinha bífida pode ser detectada no primeiro trimestre de gravidez com a realização de uma ecografia. Também é detectada no exame amniocentese em que é detectado conforme o valor da proteína alfa-fetoproteína no líquido amniótico.
Após o nascimento o médico observa a abertura da coluna para o exterior e a exposição de tecido nervoso que não está coberto com a pele. Pode haver alterações na disposição dos ossos do cérebro
Tratamento
O encerramento da lesão através de cirurgia é dos primeiros passos do tratamento. Deve ser avaliado de imediato a presença de hidrocefalia (líquido encefalorraquidiano em excesso no cérebro, aumentando a pressão dentro deste).
A criança deve iniciar fisioterapia, por prescrição médica, para corrigir algumas deformidades como pé torto ou coxa deslocada, fraca amplitude nas articulações, alterações no tronco e fortalecer a musculatura. O fortalecimento vai depender não só dos exercícios físicos desenvolvidos mas principalmente da zona da lesão.
Os pais podem colaborar no tratamento da criança após serem informados de forma clara sobre toda a situação da criança. Os enfermeiros e terapeutas podem ensinar os pais a utilizar material para estimular a criança e comunicarem com ela (ex: desenhos).
O enfermeiro ou o fisioterapeuta explica aos pais como devem pegar no bebe, virá-lo, vestir, para não agravar ou prejudicar os avanços que foram feitos.
Se a criança tiver deformidades ósseas ou para as evitar, pode-se recorrer a aparelhos para mobilizar os membros e a criança poder andar sem provocar agravamento da situação. Também podem fazer cirurgia ortopédica para corrigir as deformidades ósseas e melhorar o andar, caso a parte muscular o permita.
A partir dos 3 aos 5 anos a terapeuta consegue avaliar as capacidades na locomoção e actividades diárias. Podem iniciar natação, basquetebol e desportos em cadeiras de rodas para fortalecer a musculatura e interagir com outras crianças. Os pais devem incentivar a participar na alimentação, vestuário e higiene de forma a se tornar mais independente.
A partir dos 6 anos não se insiste na marcha porque se não conseguiu andar até esta idade, dificilmente vai andar. Nesta etapa os pais devem incentivar á independência. A criança vai para a escola, os professores devem ser informados da situação e necessidades da criança. Se esta usar cadeira de rodas vai necessitar de determinadas condições na escola. Deve ser incentivada a entrar nas actividades escolares e inclusão social.